Durante a gestação e a amamentação, as necessidades nutricionais da mulher se intensificam. Isso acontece porque o corpo está se preparando, não apenas para sustentar a própria saúde, mas também para garantir o crescimento e desenvolvimento do bebê. Diante disso, é comum que muitas mulheres considerem o uso de suplementos como forma de suprir possíveis deficiências na alimentação. Neste artigo, você irá descobrir qual suplementação pode ser segura para gestantes e lactantes nesta fase de vida.
Alguns nutrientes são considerados fundamentais para gestantes e lactantes devido ao seu papel comprovado no desenvolvimento fetal, na prevenção de doenças e na manutenção da saúde da mãe. Eles participam de processos biológicos vitais, como a formação do sistema nervoso do bebê, a produção de leite materno e a regulação do metabolismo materno. Uma deficiência nutricional nesse período pode ter impactos, tanto para a mãe quanto para o filho.
Indispensável nas primeiras semanas de gestação, o ácido fólico atua na formação do tubo neural do bebê, estrutura que dá origem ao cérebro e à medula espinhal. A deficiência dessa vitamina está associada a malformações como a espinha bífida. A dose recomendada para cada mãe é individual, iniciando idealmente três meses antes da concepção.
Durante a gravidez, o volume de sangue da mulher aumenta, e a demanda por ferro cresce consideravelmente para prevenir a anemia ferropriva, condição que pode causar fadiga extrema, parto prematuro e baixo peso ao nascer. A recomendação geralmente varia entre 30 a 60 mg diários, de acordo com os níveis de hemoglobina. O ferro também é fundamental para o transporte de oxigênio até o bebê e para a formação adequada da placenta. Sua absorção pode ser melhorada com o consumo concomitante de vitamina C.
Esse mineral é essencial para a produção dos hormônios tireoidianos, que regulam o metabolismo e são fundamentais para o desenvolvimento cerebral do feto. A ingestão insuficiente pode causar hipotireoidismo gestacional e prejudicar a formação neurológica do bebê. Além disso, a deficiência de iodo está relacionada ao aumento do risco de abortos espontâneos e atrasos no desenvolvimento cognitivo infantil.
Ômega 3
Estudos demonstram que a suplementação pré-natal com ácidos graxos ômega-3 (DHA e EPA) traz diversos benefícios durante a gestação, contribuindo para o desenvolvimento neurológico e visual do bebê, além de exercer efeitos anti-inflamatórios e vasodilatadores e antiagregantes plaquetários. Esses efeitos podem contribuir para a prevenção de complicações obstétricas, como parto prematuro, pré-eclâmpsia, depressão pós-parto e distúrbios metabólicos ligados à diabetes gestacional.
Existe uma falsa ideia de que tudo o que é natural é seguro para gestantes e lactantes. No entanto, muitos fitoterápicos não têm estudos robustos que comprovem sua eficácia e segurança durante a gravidez e lactação. Grande parte dos suplementos à base de plantas carece de testes clínicos em gestantes, justamente por razões éticas. Por isso, a maioria dos compostos naturais não possui comprovação de segurança para esse público. Isso significa que seu uso pode apresentar riscos ainda não compreendidos em estudos.
Os suplementos alimentares e fitoterápicos não são submetidos ao mesmo rigor regulatório quanto à qualidade, pureza e eficácia que os medicamentos antes de chegarem ao mercado. Isso significa que pode haver a presença de substâncias não declaradas e até mesmo contaminação com metais pesados ou compostos tóxicos. Além disso, os rótulos de algumas marcas nem sempre trazem informações completas, dificultando uma escolha segura. Essa falta de controle representa um risco considerável, especialmente durante a gestação e a lactação, fases em que a segurança materno-infantil deve ser a prioridade.
Embora muito populares, os multivitamínicos podem ser usados com muita cautela por gestantes e lactantes. Nem todas as mulheres precisam deles, especialmente se a alimentação for variada e rica em nutrientes. O uso indiscriminado pode levar a excessos, como o de vitamina A, que, em doses elevadas, pode ser teratogênica (causar malformações fetais). Portanto, a suplementação de vitaminas deve ser acompanhada por profissionais da saúde.
O uso de whey protein e creatina na gestação tem sido estudado por seus potenciais benefícios à saúde materna e fetal. Evidências sugerem que o whey pode melhorar o estado nutricional da gestante, sem impactar negativamente o crescimento fetal. Já a creatina pode exercer efeito neuroprotetor, especialmente em gestações de risco, devido ao seu papel no metabolismo energético de tecidos como o cérebro fetal e a placenta. No entanto, apesar de promissores, os dados ainda são inconclusivos, e especialistas reforçam que a suplementação deve ser avaliada individualmente, considerando os riscos e benefícios para cada gestante.
As recomendações de suplementação para gestantes e lactantes devem levar em consideração:
O acompanhamento com profissionais da saúde, como nutricionistas e médicos é essencial para determinar quais suplementos são realmente necessários, em quais doses e por quanto tempo devem ser utilizados. A suplementação pode ser uma grande aliada na promoção da saúde materno-infantil, mas é preciso responsabilidade e orientação adequada. O uso indiscriminado de suplementos pode trazer mais riscos do que benefícios. A personalização é a chave para uma gestação segura, saudável e equilibrada.
Artigo escrito por:
Andry Pedroso
CRN10 8062
Nutricionista, Consultora Técnica Super Nutrition e Palestrante de Alta Performance
Referências Bibliográficas:
Comentários